A desvalorização do Real

Entender porque o real é a moeda que mais se desvalorizou  frente ao dólar em 2020 é um dos maiores questionamentos da atualidade.

A queda ante ao dólar foi a maior entre as principais economias desenvolvidas e emergentes.

Mas quais são as razões por trás da desvalorização do real?!

Entender isso não é uma tarefa tão simples quanto pode parecer.

Isto porque, são inúmeros os fatores que levaram ao cenário atual.

Impõe-se, portanto, uma análise panorâmica de como a moeda brasileira se desvalorizou nos últimos tempos e quais são as perspectivas para o futuro.

No dia dois de abril de 2019, eram necessários 3,85 unidades da moeda brasileira – ou seja, R$3,85 – para adquirir uma única unidade monetária dos Estados Unidos.

E o que mudou tanto de lá para cá?!

Acompanhamos o Brexit, vimos os Estados Unidos insurgir contra a China emplacando uma guerra comercial relevante.

No Brasil,  vimos a taxa de juros cair ao menor nível da história, enchentes, vírus, quase uma terceira guerra mundial e, claro, vimos a nossa moeda perder 36,3% do seu valor frente ao dólar americano.

Tudo isto em apenas um único ano.

Mas por que tudo isso aconteceu?  É uma situação estrutural nova ou se trata de um elemento conjuntural?

Entenda o porquê da desvalorização do real

O que mudou em um único ano que fez com que a moeda brasileira perdesse tanto valor, sobretudo nos últimos três meses?

Será possível falarmos no ano que vem de dólar a mais de R$5 com algum alívio ao vislumbrar a nossa moeda ganhar vigorosa  “força” em relação às demais moedas?

Em meio  à crise da covid-19, é normal ver as moedas se desvalorizando, mas por que a do Brasil foi a que apresentou a maior queda se a pandemia afeta todos os países?

Após o dólar chegar a cotação nominal recorde de R$ 5,66, a moeda encerrou abril do ano corrente, na semana seguinte cotada a R$ 5,49.

Para entendermos o que aconteceu merece destaque abordarmos sobre a guerra comercial entre  EUA x China afinal são as duas maiores economias do mundo, o que inevitavelmente acaba por prejudicar toda a economia global.

Assim destaca Kristalina Georgieva, diretora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI) “ todo mundo perde em uma guerra comercial”.

Em vigor desde o primeiro semestre de 2018 o desentendimento comercial entre China e Estados Unidos parecia se resolver em 2019, puro achismo!

Assim, os efeitos da guerra comercial se estenderam até o ano corrente. De modo que os indicadores econômicos dos Estados Unidos e China divulgados em abril de 2020 mostram uma economia global mais fraca, o que acaba pressionando a cotação do dólar para cima.

Tal impasse entre Trump e Xi Jinping fomentou a aversão ao risco, assim o clima de esperança que se consolidava em uma noite qualquer acabava por desvanecer já na manhã seguinte frente a  renovação das ameaças de Trump, via Twitter.

A imposição de tarifas de parte à parte e a medida que os indicadores econômicos da Europa vinham chegando impunham dias difíceis para a moeda brasileira.

Vimos ainda a degradação do setor industrial da Alemanha, maior economia da União Europeia e quarta maior economia do mundo.

A própria China, protagonista da guerra comercial, viu o desempenho da sua economia cair ao menor nível de crescimento em quase trinta anos.

Por todo o exposto, podemos afirmar que a guerra comercial independentemente do resultado teve um importante papel na reconfiguração do relacionamento entre a China e os EUA, além dos impactos na economia global.

O tão esperado acordo entre os dois países assinado após 2 anos de fortes brigas, impasses tensos e promessas de “cessar-fogo”, ou seja, intensa guerra comercial representa, na verdade, a primeira de uma série de assinaturas até o cessar-fogo definitivo, que nós acreditamos, não virá tão cedo.

Isto porque a primeira fase do acordo pode até contribuir temporariamente para que se interrompa a tensão bilateral entre os respectivos países, mas, é improvável que acabe com a rivalidade e desconfiança tecnológica entre os dois gigantes.

INÍCIO DE 2020 – conclusão do Brexit, conflitos no Oriente Médio

Outro acontecimento econômico e que merece destaque já que representa o fim de uma longa saga que também ajudou na desvalorização do real foi o processo de saída do Reino Unido da União Européia – o famoso Brexit.

Três anos e meio foi o tempo necessário para tal processo. Assim, entre muitas idas e vindas, assassinato, eleições, moções de desconfiança e outras obstruções políticas, o parlamento inglês finalmente outorgou o referendo e o Reino Unido deixou a União Europeia em 31 de janeiro último.

Há ainda outros inúmeros eventos globais que colaboraram para a desvalorização do real, que merecem destaque, quais sejam: guerra iminente entre Estados Unidos e Irã após o assassinato do comandante Quasem Soleimani, desentendimento entre Arábia Saudita e Rússia em relação ao volume de petróleo produzido, crise argentina, e, agora, o golpe final, a propagação do novo coronavírus cuja infecção passou a ser chamada de Covid-19.

Você deve estar se perguntando enquanto lê, se a desvalorização do real é portanto fruto do acaso, estaríamos então entregues à sorte da geopolítica global?

Esta pergunta tem dupla resposta. Afinal, não é possível passar incólume pela guerra comercial, Brexit e desaceleração das economias chinesa e alemã, guerras iminentes e um vírus que se propaga tão rapidamente que colocou em xeque até as maiores e melhores estruturas de saúde do mundo.

Noutro ponto, existem elementos domésticos que foram fundamentais para pavimentar o caminho para a desvalorização do real.

Problemas internos – razões para a desvalorização do real

Em 2019 estava em pauta a capacidade do governo aprovar determinadas reformas estruturantes muito aguardadas pelo mercado.

A primeira e mais importante delas –  reforma da previdência – cuja aprovação atravessou longas discussões, debates, protestos e desidratações.

A cada derrota do Poder Executivo, uma nova rodada de valorização do dólar. Isso envolveu erros de cálculo da equipe técnica, desidratação do texto original e alinhamento de expectativas.

Existia a falsa ilusão de que a aprovação da reforma da previdência resolveria o parco crescimento brasileiro, o que não aconteceu, nem acontecerá. Afinal, a reforma não representa um fim em si mesmo.

Logo após, houve uma possível ameaça de uma nova greve dos caminhoneiros e uma pequena escalada no preço do barril de petróleo no mercado internacional.

Diante disto, o presidente brasileiro se manifestou publicamente dizendo que poderia congelar o preço do diesel nas bombas dos postos.

O governo federal realizou ainda um leilão de alguns poços do pré-sal, entretanto, conseguiu menos da metade do volume anunciado, sem nenhum ágio e graças a Petrobras.

O mercado encarou tal fato como sinal de alerta de que as perspectivas não eram as melhores possíveis em relação ao futuro do Brasil.

Outro acontecimento que merece destaque foram as inúmeras crises causadas por membros da família do presidente e que acabaram por afetar a saúde das relações diplomáticas do Brasil com a China, Argentina e Alemanha, por exemplo.

Finalmente, os juros nominais são os mais baixos da história do país o que contribui de forma significativa para a fuga de dólares do Brasil.

Esse conjunto de fatores transformou-se na tempestade perfeita e agora torna-se extremamente difícil se desvencilhar disto tudo.

Para além da COVID-19: o que ainda pode afetar o valor do real?

A propagação do novo coronavírus tende a desestabilizar ainda mais o sistema econômico global e isso deve continuar pressionando o valor da moeda brasileira.

Deste modo, a previsão é de que além do gravíssimo problema da saúde pública outras crises surjam a partir daí.

Principalmente a crise política já que o presidente continua apostando que a propagação do vírus no Brasil não será tão grave e que tudo que está acontecendo é histeria coletiva da oposição.

Cumpre ressaltar que a estabilidade cambial e instabilidade política não combinam entre si,  o que pode afetar ainda mais o valor do real frente ao mercado financeiro global.

No momento temos um quadro fiscal que já era grave – com expectativa de superávit apenas em 2026, pior, com possíveis desequilíbrios cambiais no futuro.

O que é de extrema preocupação e pode afetar todos nós diretamente já que quanto mais crise política ocorre desvalorização da moeda, aumento do custo de vida e menos emprego, em um ciclo que infelizmente, se retroalimenta.

Por todo o exposto, podemos afirmar que o cenário mundial passa por um momento muito instável.

Mais do que nunca, você leitor deve procurar informações pertinentes sobre a economia global, investimentos, formas de preservar o seu futuro e de sua família.

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Autor: andre.horta

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