Uma das mais conhecidas polêmicas do mundo das criptomoedas envolve a stablecoin USDT e sua empresa emissora, a Tether.
A polêmica envolve a existência, ou não, de lastro para emissão da stablecoin. Tendo em vista que a proposta do USDT é cada unidade representar um dólar, é necessário que a empresa tenha em caixa a quantidade exata do total de USDT emitido.
O mais recente capítulo dessa polêmica envolve um relatório da Moore Cayman, empresa com sede nas Ilhas Cayman.
Mais um capítulo da saga USDT
É importante ressaltar que a Tether já havia divulgado um relatório, embora sem comprovação alguma, que atestava para a existência de lastro em dólares para a emissão de USDT.
O relatório, inclusive, também foi emitido pela Moore Cayman. Contudo, assim como aquele relatório emitido em março, este também traz poucas informações.
Desta forma, pouco se garantiu ao publicar o documento. Além disso, não é informado em qual banco as reservas de dólares da Tether são mantidos.
No geral, nenhum detalhe foi revelado. A Moore apenas atestou que a Tether possui lastro para USDT.
Auditoria obrigatória
Obrigatoriamente, a Tether deverá fazer auditorias frequentes sobre seu lastro de dólares. Mais precisamente, trimestralmente um relatório terceirizado deverá ser feito.
Tal obrigação faz parte do acordo firmado entre Tether e a Procuradoria do Estado de Nova York (NYAG). Após ser processada pela NYAG por supostamente manipular o mercado de criptomoedas, a Tether conseguiu firmar um acordo.
Os termos do acordo obrigaram Tether e Bitfinex — exchange cujo CTO é o mesmo da Tether — a pagar mais de R$ 100 milhões em multa, além da obrigação de auditorias trimestrais.
Contudo, tais relatórios pouco querem dizer aos investidores. Embora a NYAG tenha encerrado o processo, ainda não há certeza no mercado sobre a Tether realmente lastrear sua emissão de USDT.
Problemas passados
A única informação é que, segundo o relatório, a Tether conta com mais de US$ 41 bilhões em ativos — para os US$ 40,86 bilhões de USDT em circulação. Porém, note-se que não fala em dólares, mas em ativos.
Isso já aconteceu no passado. Em 2019, a Tether mudou a descrição do USDT em seu site oficial onde dizia que a stablecoin era totalmente lastreada em dólares.
A nova descrição dizia que “grande parte” da stablecoin era lastreada em dólares, e o restante tinha base em ativos.
O que se pode concluir do novo relatório da Tether é que, mais uma vez, nada foi esclarecido ao mercado.
O que resta é acreditar quando a Moore diz que o relatório segue padrões contábeis e éticos internacionais.