Análise do Boletim Focus (09/11)
A última semana foi marcada por bastante instabilidade na economia internacional com a eleição dos EUA.
No entanto, com a vitória do democrata Joe Biden o mercado se acalmou, e o próprio real se valorizou abruptamente frente ao dólar.
A moeda que chegou a ser cotada em R$ 5,76 fechou a semana cotada em R$ 5,36, o que poderá impactar positivamente nas próximas previsões de mercado.
O Ibovespa recuperou o otimismo e cresceu acima do esperado nesta semana. Isso mostra que a recuperação econômica poderá ser mais rápida do que o esperado.
Quer saber mais? Confira a nossa análise do Boletim Focus publicado nesta segunda-feira, 09 de novembro de 2020.
Crescimento do PIB
As projeções de crescimento do PIB mantiveram-se praticamente inalteradas nas projeções do mercado nesta semana.
Elas passaram de -4,81% para -4,80%. E como o final do ano já está se aproximando, é bem possível que a retração do PIB fique em torno de -4,5% a -4,9%.
Já para o ano de 2021 as projeções de crescimento continuam piorando. Há 04 semanas atrás a expectativa era de um crescimento de 3,5% para o ano que vem.
Contudo, essas projeções foram caindo semana após semana, e agora os analistas de mercado acreditam em um crescimento de 3,31% para o ano que vem.
É preciso salientar, que as projeções para 2021 ainda poderão sofrer outras oscilações, visto que uma possível segunda onda do Covid-19 pode abalar ainda mais a economia mundial.
Inflação
A inflação que foi a principal vilã da economia em 2020 parece estar perdendo um pouco de força nessa reta final do ano.
O preço dos alimentos aparentam uma possível estabilização, e por isso o IPCA teve um leve aumento na sua projeção.
Na semana passada, a expectativa era de que o indicador fosse fechar o ano em 3,02%. Nesta semana o mercado aumentou as projeções para 3,20%.
Embora as projeções continuem crescendo, o ritmo do crescimento do IPCA perdeu um pouco de força nessa última semana.
O mesmo movimento pode ser acompanhado no IGP-M. Afinal, na semana passada o mercado projetava que o indicador fosse fechar o ano em 20,23%.
Nesta semana as projeções subiram para 20,47%. Apesar da alta, o ritmo também perdeu um pouco de fôlego. E agora deverá se estabilizar com o câmbio mais favorável.
Antes de mais nada, é preciso saber que o motivo para o IGP-M estar tão alto, está na metodologia usada no índice.
Desse modo, o IPCA considera nove categorias de produtos e serviços que refletem o hábito de consumo de 90% das famílias brasileiras.
Já o IGP-M, diferente do IPCA, é composto por uma média aritmética de mais três índices:
O Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) e o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC).
Por conta da desvalorização do real, muitas commodities que são cotadas em dólar aumentaram o preço, impactando no índice.
Além disso, o setor de construção civil segue aquecido, o que justifica o aumento do preço em alguns produtos que compõem o INCC.
Agora, com a valorização do real nesta última semana, é possível que haja uma reversão nas projeções, e que o IGP-M comece a cair.
Taxa de juros e Taxa de Câmbio
Por conta da última reunião do Copom, ficou evidente que a Taxa Selic deverá fechar o ano em 2%.
Para 2021, as projeções seguem mantidas em 2,75%. E para 2022 a taxa continua sendo projetada em 4,5% mostrando uma trajetória de crescimento no médio prazo.
O câmbio que seguia em uma trajetória crescente melhorou após o resultado das eleições norte-americanas.
A moeda chegou a ser cotada em R$ 5,74 no início deste mês, e nesta segunda-feira (09) abriu o dia cotada em R$ 5,23.
Portanto, apesar do relatório Focus projetar que o real deva fechar o ano cotado em R$ 5,45 nesta semana, é possível que isso seja revisto daqui para frente.
Para quem trabalha com importação de matéria prima, esse pode ser um alívio para um ano bastante complicado.
Produção Industrial
Com o câmbio melhorando, a projeção para a produção industrial também melhorou. Na semana passada, as projeções eram de encolha de 5,74%.
Nesta semana o mercado reviu as projeções, e agora acredita que a produção industrial brasileira irá encolher 5,49%. Há quatro semanas as projeções eram de queda de 6,00%.
Em outras palavras, o mercado, apesar de cauteloso, segue um pouco mais otimista em relação à economia brasileira.
Já em relação aos investimentos diretos feitos no país, a expectativa se manteve em US$ 50 bilhões nesta semana.
Isso mostra que o mercado ainda segue com cautela no apetite por investimentos. No entanto, com o desfecho nas eleições americanas, isso poderá ser revertido nas próximas projeções.
Bitcoin e criptomoedas
Se por um lado a economia segue patinando, por outro as criptomoedas estão se mostrando cada vez mais atraentes.
O Bitcoin segue uma trajetória crescente, batendo recordes históricos de cotação.
Na última semana, a criptomoeda continuou crescendo e saltou de R$ 78 mil na sexta-feira (30) para R$ 86 mil na quinta-feira (05).
Esse foi um crescimento de aproximadamente 10% em apenas uma semana. No mês o crescimento já ultrapassa os 30%.
Considerando o cenário com inflação alta, câmbio desvalorizado e incertezas mundiais, o Bitcoin pode ser uma excelente opção de investimento.
Afinal, a criptomoeda somente é afetada pela lei da oferta e procura e qualquer decisão macroeconômica não tem o poder de afetar a sua cotação.
E como muitos investidores estão buscando o Bitcoin como forma de investimento, o valor da sua cotação deverá crescer ainda mais, levando junto outras criptomoedas.
Esse foi o nosso giro econômico da semana.
Trazendo expectativas sobre investimentos e cenários futuros.
Fique ligado que semana que vem tem mais.