Na manhã desta segunda-feira (30/11) o Banco Central divulgou o Boletim Focus da semana, e a inflação continua crescendo.
O índice IPCA está previsto agora para fechar o ano em 3,54% e apesar de seguir dentro da meta, o crescimento vem em um ritmo de preocupação.
Já em relação ao PIB, a previsão segue estável, com uma leve melhora, diminuindo as projeções de rombo de -4,55% para -4,50%.
O mesmo movimento é visto nas projeções para 2021. Desse modo, o mercado acredita agora que o Brasil deverá crescer 3,45% no próximo ano.
Crescimento do PIB
As projeções de crescimento do PIB se mantiveram estáveis na semana, saindo de -4,55% para -4,50%. Para 2021 o mercado continuou melhorando as projeções. Sendo assim, o crescimento apontado para o ano que vem saiu de 3,40% para 3,45%.
Ao que tudo parece, 2021 será um ano de recuperação de diversas economias pelo mundo, inclusive do Brasil. No entanto, ainda é preciso muita cautela para afirmar qualquer direção.
Por isso, as previsões para o PIB do próximo apesar de boas são bastante incertas.
Inflação
A inflação foi a grande vilã na economia neste ano. Até porque, ela tornou-se mais concentrada em alguns segmentos, como supermercados. Nesse caso, a inflação média dos últimos 12 meses, chega a superar os 15%.
Isso impacta diretamente as famílias de baixa renda, que concentram grande parte da sua renda em alimentação. Essa inflação concentrada pode no médio prazo aumentar a desigualdade social no país, apesar do IPCA apontar uma inflação equilibrada.
Nesta semana, as projeções para o IPCA saltaram de 3,45% para 3,54%. Há quatro semanas, as projeções eram de 3,02%.
O mesmo movimento pode ser acompanhado no IGP-M que na semana passada estava sendo projetado pelo mercado em 22,86%. Nesta semana as projeções subiram para 23,60%.
Essa inflação apurada pelo IGP-M é bastante preocupante. E reflete o crescimento de preços de forma bastante agressiva em alguns setores da economia.
Antes de mais nada, é preciso saber que o motivo para o IGP-M estar tão alto, está na metodologia usada no índice.
Desse modo, o IPCA considera nove categorias de produtos e serviços que refletem o hábito de consumo de 90% das famílias brasileiras. Já o IGP-M, diferente do IPCA, é composto por uma média aritmética de três índices:
O Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) e o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC).
Assim sendo, por conta da desvalorização do real, muitas commodities que são cotadas em dólar aumentaram o preço, impactando no índice.
O mesmo acontece com insumos importados, que acabam elevando o custo de produção e impactando no preço final do produto ao consumidor.
Além disso, o setor de construção civil segue aquecido, o que justifica o aumento do preço em alguns produtos que compõem o INCC.
Neste ano, apesar do IPCA mostrar um equilíbrio inflacionário, pudemos observar uma inflação mais concentrada, o que preocupa analistas.
Taxa de juros e Taxa de Câmbio
Para 2020 o mercado continuou projetando a Taxa Selic em 2%. No entanto, para 2021 já há uma expectativa de que a taxa básica de juros chegue em 3%.
Isso acontece porque a inflação está parecendo sair de controle. E para evitar um crescimento ainda maior, o Copom deve elevar a Selic no ano que vem para tentar desacelerar o consumo.
Por outro lado, as projeções para o câmbio continuaram melhorando, o que pode minimizar o crescimento da inflação no longo prazo. A expectativa vinha de desvalorização crescente do real frente ao dólar, agora parece que a curva mudou.
Sendo assim, a expectativa é que o dólar vire 2020 cotado a R$ 5,36 e que para 2021 o real se valorize mais um pouco sendo cotado a R$ 5,20. No longo prazo a expectativa é de queda gradual da taxa de câmbio.
Produção Industrial
Em relação à produção industrial, as projeções seguem estáveis nesta semana. Na semana passada elas eram de -5,04% e nesta semana ficaram em -5,03%.
No entanto, apesar da estabilidade, houve uma melhoria durante o ano nas projeções da indústria. Portanto, apesar dos pesares, a economia não entrou em um recesso tão profundo.
Em relação aos investimentos diretos feitos no país, a expectativa se manteve. E o mercado segue acreditando que serão aplicados cerca de US$ 45 bilhões neste ano no Brasil.
Isso mostra que a economia mundial ainda segue bastante incerta e que o apetite por investimentos ainda é bem pequeno.
Bitcoin e criptomoedas
O Bitcoin na semana passada, chegou a ultrapassar a marca dos R$ 100 mil. E após longas altas parece ter encontrado uma zona de resistência.
Por isso, na quinta-feira a cotação despencou, chegando em R$ 86.350. No entanto, uma zona de suporte parece ter sido atingida ali, e na sequência o preço voltou a subir.
Sendo assim, na sexta-feira (27) o bitcoin chegou a ser cotado em R$ 91.500, continuando em alta e vindo a bater R$ 99.000 na manhã desta segunda-feira (30).
Portanto, agora é o momento de cautela, visto que uma zona de resistência foi alcançada. Somente após o Bitcoin mostrar força para superar os R$ 100 mil será o momento para comprar mais. Agora os indicadores indicam manutenção no curto prazo.
Porém, considerando o cenário de inflação, câmbio desvalorizado e incertezas mundiais, o bitcoin continua sendo uma boa aposta de investimento de longo prazo, ainda mais por conta dos halvings que a criptomoeda possui.
Esse foi o nosso giro econômico da semana trazendo expectativas sobre investimentos e cenários futuros. Fique ligado que semana que vem tem mais.